#5. 10 anos atrás no mesmo lugar?
visita por textos antigos ouvindo o que eu ouvia em 2015
Andei dando uma visitada no passado, começando ali por 2014 e 15. Me deixando levar por pensamentos (ou arranjando sarna pra me coçar), fui parar na minha caixa de emails vasculhando o que de curioso ela podia me mostrar. Acabei em um email com uma música, que me levou a procurar uma carta, e que quando eu vi, tava voltando do trabalho (vários dias) ouvindo Arctic Monkeys.
Daí em diante eu vasculhei também arquivos e pastas, ousei rever umas fotos e lembrei de detalhes de momentos que não me vinham na lembrança há bastante tempo. Não sei exatamente qual era meu objetivo com isso, mas pensei em não pensar demais. Se Love is a laserquest era o que eu queria ouvir, eu colocava. Mas a versão acústica, sempre.
Nessa viagenzinha, me deparei com vários textos, arquivos de poesias e até muitos mais contos do que eu achei que já tinha escrito. Inúmeros falando de solidão, outros tantos sobre quando me mudei. Um falava sobre uma mini cirurgia que minha cachorra fez uma vez. Esse, especificamente, me deixou angustiada. Me fez sentir de novo o nervoso de um dia que eu mal lembrava que tinha existido.
Percebi que muito do que eu expressei em palavras ao longo do tempo, é tudo do que eu ainda falo, seja aqui ou nos arquivos nunca publicados. Novos versos e talvez novas rimas, mas um tanto de passado no que se atualiza nos minutos presentes. A vida acontecendo talvez não necessariamente (ou não só) nas repetições, mas num cotidiano de idas e vindas e voltas e curvas que não passa despercebido pelos caminhos que vão mudando.
Porque ainda que as temáticas de medo, vergonha, solidão, amor, dinheiro, felicidade y etcs y etcs estejam mesmo sempre ali, é interessante perceber como as narrativas vão mudando. Como nunca se vive realmente o mesmo duas vezes. O conhecido é sempre um pouco novo. E esse pouco, às vezes, tem que ser suficiente pra me dar uma dose de esperança.
Eu não sei se eu tava procurando alguma nostalgia ou um sentimento específico que só consigo encontrar no passado, mas eu percebi que consigo revisitar várias (ex)dores com carinho. Que um email que antes me causava alvoroço, hoje é lido com uma surpresa tranquila. Que na minha história tem muita, mas muita coisa bonita. E que eu literalmente não gostaria de voltar pra trás - nem pro maior arrependimento, nem pro maior amor. (Ufa).
Semana passada ouvi de um professor algo como “a gente visita o passado pra olhar pro futuro”. E essa semana eu me vi perdida estagnada em uma parte de um texto que eu não conseguia fazer fluir. Procurei cansadamente a resposta na literatura, mas só fui encontrar um norte no meu próprio trabalho. Foi tipo a Marina do ano passado falando com a Marina desse ano. Duas perdidas que, no fim, acharam uma saída.
Então assim como eu não sei o que eu queria buscando todas essas coisas, eu também não sei onde elas vão me levar. Mas já que um parágrafo final me parece necessário, vou aproveitar ele pra dizer que reviver o já vivido não é possível, e que querer reescrever histórias, nesse caso, vai ser inútil. Eu quero apostar todas as minhas fichas que é possível escrever textos melhores a cada ano. Tão intensos, dramáticos e reflexivos quanto os já escritos, mas curados pelo tempo. E eu não falo sobre escrever textos.
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Eu sou antes de tudo
Os motivos por trás
Os porquês e a falta deles
O caminho até chegar lá
(fração de poema perdida nos “meus documentos”)
Versão acústica da trilha sonora:
E agora numerando as news com o # e vendo se fica legal.